Era o terceiro dia do ano. Era o início de uma nova era. Tanto para o Figueirense, que apresentava seu maior reforço para a temporada que marca o retorno à elite, quanto para o menino, de então 22 anos, escrever seu recomeço. Lenny desembarcava no clube cheio de badalação. Anos antes, era considerado por muitos uma das maiores promessas do futebol brasileiro. Brilhou no Fluminense, conquistando a Copa do Brasil, em 2008, justamente contra o atual time, passou pelo futebol português, sem sucesso, e estava no Palmeiras, onde conviveu com várias lesões. Na nova casa, buscando novos ares, o início da trajetória foi complicado.
Diferente dos outros companheiros, não podia ter contato com a bola. Lenny estava em fase final de recuperação da última lesão sofrida, ainda no Palmeiras. Ficou no departamento médico, sob olhares e cuidados atentos dos profissionais do Figueirense, realizando fisioterapia e fortalecimento muscular. O primeiro contato com a "melhor amiga de um jogador de futebol" veio somente no dia 10 de janeiro, mesmo que numa roda de bobinhos, e mesmo que ainda não estivesse liberado do DM.
Foi a partir desse momento que se viu um novo Lenny. Muito mais disposto e enturmado com os companheiros. Fazia piada dos outros e também não escapava da gozação. Alternava os treinos físicos com os primeiros treinamentos coletivos. Aumentava, e muito, a expectativa de vê-lo em campo.
A regularização foi acontecer apenas no primeiro dia de fevereiro, justamente na semana do clássico contra o rival Avaí. Será que Lenny iria vestir pela primeira vez a camisa do Figueirense? Não. E a resposta negativa foi dada, na época, por Márcio Goiano. O ex-treinador da equipe alvinegra optou por não utilizar o atacante no grande jogo. Quem acabou ficando no banco e estreando foi Dudu, que havia sido regularizado no mesmo dia que Lenny. Dias antes do confronto, o jogador havia até publicado no twitter que iria debutar no clássico, o que acabou não ocorrendo.
Exatamente no dia seguinte do empate por 2 x 2 no clássico, uma segunda-feira, veio uma nova lesão. Durante um treino, Lenny sofreu um estiramento muscular e retornava ao departamento médico. Começava, mais uma vez, a rotina recuperação, fisioterapia, fortalecimento muscular, treino físico...
Quando estava pronto para iniciar os
treinamentos normais, com bola e com os companheiros, mais um capítulo na trajetória do atacante no Figueirense. No dia 22 de fevereiro, um novo desconforto muscular e um outro retorno ao DM. As críticas aumentaram. E eram duras, devido ao tempo de inatividade. Não aguentou e desabafou, pelo twitter, com uma sequência de postagens: 1)" Tem gente que é bem i... pra não falar alguma coisa. Não pensa que para todo jogador a pior coisa que tem é o cara não jogar, não treinar". 2) "Quando o cara se machuca é o pior momento. Não é bom ir no CT todos os dias, de ma
nhã e à tarde, e não poder treinar e ver todos fazendo..." 3) ... o que mais gostam. E os i... continuam achando que o cara tá feliz sem poder fazer o que gosta. Quando não joga, não aparece... 4)... "não cresce, não evolui, não se divulga. Então quando um cara não poder jogar por motivos que não sejam técnicos e sim médicos, ele não está de sacanagem!"
A recuperação demorou mais que o previsto. Mas com um objetivo: estrear, agora sim, no clássico do returno. Na terceira semana de março, Lenny começou a treinar normalmente. Se destacava. No último final de semana, marcou três gols em um rachão. O atacante está, finalmente, depois de mais de dois meses de uma longa batalha contra as lesões, pronto para defender pela primeira vez as cores do Figueirense.
No próximo domingo, jogando na casa do rival, o Figueirense mede forças com o Avaí, desta vez, com o reforço de Lenny, a principal contratação do clube para a temporada.